O litoral do Paraná também teve o seu Romeu e Julieta. Filhos de duas tribos inimigas, a índia Jurema e o índio Cauã se avistaram na praia. A paixão foi à primeira vista. Para fugir da guerra, se encontravam no esconderijo da bruxa Maribel. Lá o romance floresceu e lá mesmo se casaram em segredo, com as bênçãos da feiticeira. Mas o segredo não foi eterno. As famílias descobriram.
O pai da índia Jurema também tinha seus poderes de feiticeiro. Ao descobrir o romance e percebendo que era tarde para impedir o casamento, lançou uma maldição: “As filhas de Jurema não poderão casar. Depois de nascer, vão se transformar em sereias com sede de sangue e matarão todos os homens que se aproximem”.
Jurema e Cauã caíram em profunda tristeza, sabendo dos poderes da maldição. Durante três noites clamaram pela piedade de Tupã. O Deus bondoso se compadeceu da tristeza do casal. “Vocês não tiveram uma Lua de Mel, mas eu lhes darei uma Ilha de Mel”, respondeu Tupã, através de pensamentos.
O presente, porém, não livrou o casal da maldição. Suas sete filhas nasceram muito belas. Mas ao chegarem à adolescência transformavam-se em sereias sanguinárias. Cauã e Jurema tentaram esconder as filhas em uma gruta no sul da ilha.
Alguns marinheiros contam que até hoje, aqueles que se aproximam da Gruta das Encantadas, durante as madrugadas, conseguem ouvir o canto traiçoeira das filhas de Cauã e Jurema.