Há mais de trezentos anos atrás, existia na Europa um cigano adolescente chamado Zulmiro.
As barracas do seu povo estavam instaladas em uma floresta, quando, de repente, soldados da Santa Inquisição começaram a atear fogo nas tendas e a prender os ciganos para queima–los na fogueira. Zulmiro ficou apavorado, fugiu para o porto e se escondeu num navio com bandeira inglesa, dentro de um baú que estava num porão onde havia muitos tesouros.
No meio do oceano, o rapaz notou que a bandeira da Inglaterra foi trocada por uma bandeira pirata. Um destes piratas desceu ao porão, abriu a arca, viu o garoto e levou Zulmiro para os outros homens. Mark, o chefe, afirmou que não jogaria o menino ao mar, mas ele serviria de escravo aos outros piratas.
Assim o moço fez vários trabalhos pesados e foi muito maltratado pela maioria da embarcação. Chateado, Zulmiro decidiu se vingar: fez um feitiço cigano para que os piratas mais malvados morressem dentro do navio.
A cada dia que passava, um homem diferente morria de uma doença misteriosa. Então só restaram os rapazes que eram simpáticos com o cigano e Zulmiro virou chefe deles.
Um certo dia, eles avistaram uma ilha e decidiram parar naquele lugar.
Conversando com os nativos, descobriram que o nome daquele lugar era: Ilha do Mel.
À medida que o tempo passava os piratas foram envelhecendo e morrendo. Para enterrar seus amigos, Zulmiro entrou no meio da floresta, montou um cemitério e fez uma magia cigana.
O feitiço consistia no seguinte: o cemitério seria secreto, ficaria escondido na mata bem no meio da ilha e só apareceria nas noites de Lua cheia para que as almas dos piratas pudessem passear por todo o lugar.
Conforme os piratas iam falecendo, Zulmiro ia enterrando seus companheiros lá. Uma vez, ele ficou muito doente e resolveu enterrar todo o seu tesouro em um destes túmulos do cemitério secreto e depois desapareceu.
Nos anos noventa, meu amigo Rodrigo visitou a Ilha do Mel, soube desta lenda e numa noite de Lua cheia foi atrás deste cemitério com os seus amigos. Este moço, realmente, achou um cemitério no meio da floresta e notou que os túmulos eram muito antigos e mal cuidados. Porém não achou nenhum tesouro, mas teve a impressão de que um homem vestido de pirata seguia o grupo.
Fonte: Lendas Urbanas – Luciana do Rocio